O MANIFESTO DE TAMERA
por uma cultural global de paz
Dieter Duhm, 2000 (editado em 2017)
Nota do Editor: Desde a criação deste manifesto (em 2000), Tamera e o Instituto para o Trabalho de Paz Global desenvolveram-se largamente. Para manter vivo o carácter original do documento, abstivémo-nos de actualizar os capítulos 10 e 11.
Este texto está a ser enviado para representantes de diversas organizações de direitos humanos, organizações ambientalistas e de protecção dos animais, projectos de paz e comunidades orientadas para o futuro, bem como para pessoas interventivas que se comprometeram com o trabalho pela paz global. Com este texto, pedimos apoio e cooperação no desenvolvimento de um conceito global que termine com o massacre global, levado a cabo contra seres humanos e animais. A luta contra a mutilação global da vida, a luta pela libertação dos povos, o trabalho pela cura do ser humano e o trabalho pela cura da natureza, têm de ser coordenados inteligentemente. Este texto contém alguns pensamentos relativos à criação de uma força global de paz, e a uma correspondente perspectiva por um futuro humano. Pedimos que divulguem este texto junto de amigos comprometidos com a mesma causa.
Tamera é um Centro de Investigação e Educação para a Paz, situado numa propriedade de 140 hectares no Sul de Portugal (Alentejo), onde trabalhamos pela cura do ser humano e da Terra recorrendo a métodos invulgares, desde 1995. O projecto segue algumas ideias e objectivos expressos neste manifesto. Cerca de 150 colaboradores estão a construir os edifícios e a instalar os sistemas de abastecimento e a infraestrutura necessárias ao funcionamento do projecto. O objectivo de Tamera é a criação de um Biótopo de Cura e de um centro para o trabalho global de paz, no qual algumas centenas de pessoas vivam juntas de acordo com os princípios da cooperação não-violenta com todos os seres.
1. Sete Princípios Basilares
- Estamos actualmente à beira da maior revolução desde o Neolítico. Trata-se da transição da era patriarcal para uma nova forma de civilização humana.
- As estruturas globais de violência e medo, guerra entre os géneros e dominação masculina, racismo e genocídio, a exploração do Sul Global e a exploração da natureza, contêm origens históricas e consequentemente podem apenas ser transformadas mediante uma compreensão da história.
- Os problemas pessoais que actualmente levam milhões de pessoas a consultar terapeutas, possuem também origens históricas e consequentemente requerem uma solução política e social, para além de uma solução individual.
- A crise ambiental e a crise interior são dois aspectos da mesma doença geral. Estas podem apenas ser compreendidas e superadas quando reconhecidas na sua totalidade.
- O amor entre os géneros foi largamente destruído mediante uma longa guerra contra as mulheres e mediante a repressão histórica da sexualidade. Uma nova cultura, não-violenta, está enraizada numa nova relação entre os géneros.
- As origens espirituais e matriarcais da cultura humana perderam-se através da expansão imperialista da dominação masculina, levada a cabo pelas igrejas, estados, indústria e comércio. Estas têm de ser novamente encontradas, a um novo nível, de forma a tornar possível uma cultura global não-violenta.
- Criticar o sistema existente não é suficiente. Precisamos de locais concretos onde novas forma de viver possam ser desenvolvidas e testadas. A esses lugares, chamamos “Biótopos de Cura”.
2. Existe Apenas Uma Única Existência
Existe apenas uma única existência. Todos os seres participam nas leis e nas forças desta única existência. Todos estão em inter-relação e juntos formam a rede da vida.
A Terra é um organismo unificado. Todos os seres na Terra, juntos, formam um corpo vivo unificado, com uma determinada informação subjacente que lhes é comum (o código genético), uma consciência comum e uma vontade de viver comum.
Quando a rede da vida é perturbada pela violência e pelo medo, a totalidade do corpo de vida torna-se doente. A doença da natureza e a natureza interna do ser humano são duas faces da mesma doença geral, gerada pela violência e pelo medo.
Na sua maioria, as civilizações humanas modernas baseiam-se na destruição da vida (alimentação, vestuário, cosméticos, medicina, exploração de recursos, etc.). As vítimas são as plantas, animais, crianças, minorias étnicas e religiosas, povos do Sul Global, e nós próprios.
A violência que infligimos sobre os outros, volta a nós sob a forma de doença, medo e fraqueza interior. A civilização global actual (os últimos estágios do capitalismo) é um sistema de pessoas doentes e encontra-se ligado com a violência global. Este tipo de doença não pode ser curada mediante terapia individual.
As bases da nossa actual forma de vida já não encontram justificação ética. Directamente ou indirectamente, elas fazem de nós cúmplices de uma catástrofe global que, caso siga o mesmo rumo, fará de nós as suas vítimas.
Não podemos solucionar o problema através de apelos morais ou soluções parciais. Precisamos de um novo conceito para a cultura humana e para a sociedade, um novo conceito de vida e um novo conceito para a nossa existência na Terra.
3. Declaração de Direitos Humanos e de Direitos de Todos os Seres
Todos os seres — humanos, animais, plantas, tribos e povos — têm o seu propósito e função especiais na estrutura da Criação. No plano da Criação, todos têm direito à sua forma específica de viver e ao seu próprio estado de existência. Todos têm direito a crescer e desenvolver-se sem medo.
Todos os seres têm direito ao uso saudável e livre dos seus corpos, da sua alegria de viver, da sua curiosidade, das suas relações amorosas, das suas comunidades, do seu biótopo natural e da sua ligação especial com a Criação como um todo.
Todos os seres originam (como embriões e crianças) de um mundo de segurança e confiança. Todos têm direito vitalício ao tipo fundamental de saúde interior e liberdade que provém dessa confiança.
Todos os seres que têm pele e pêlo, têm direito ao calor e às condições de vida que os permitem permanecer quentes.
Todos os seres têm direito à alimentação e às condições de vida que os permitem conseguir esse alimento.
Todos os seres têm direito à liberdade de movimento necessária ao seu desenvolvimento, à sua alegria, à sua saúde física, emocional, mental e espiritual. Não devem por isso ser amarrados ou mantidos prisioneiros em pequenas jaulas.
Todos os seres têm órgãos especiais que utilizam para descobrir a vida e fazer contacto com o mundo (membros, genitais, asas, cornos, caudas, garras, barbatanas, etc.). Essa função não deve ser castrada através de cortes ou mutilação.
Todos os seres vivem juntos numa grande irmandade cósmica. As diferenças entre seres humanos e animais não são diferenças de princípio, mas diferenças de grau. Consequentemente, todos os seres possuem os mesmo direitos civis na Terra.
4. A Cadeia Global de Violência e Medo
Experienciamos actualmente o legado global de um período histórico sanguinário. Podemos apenas suportar o que as pessoas fazem umas às outras, às suas crianças e aos animais, quando fechamos com rigor os olhos a esta realidade. As organizações internacionais de ajuda humanitária desistiram já de apoiar diversas zonas da planeta, e a razão pela qual os media deixaram de divulgar notícias a respeito deste locais deve-se ao facto de não haver nada mais a fazer. A única razão pela qual podemos ainda dormir tranquilamente, deve-se ao facto de não estarmos (ainda) entre as vítimas e de nem podermos imaginar a realidade por trás das palavras “holocausto”, “genocídio”, “guerra civil”, “comércio de armas”, “polícia secreta”, “esquadrões da morte”, “tortura”, “mutilação genital de mulheres”, etc. Actualmente, tudo isto é parte do dia-a-dia de milhões de pessoas. Num país como a China, as considerações financeiras ganham prioridade sobre as gigantescas violações de direitos humanos que lá sucedem. O impacto do comércio internacional de armas é avaliado no balanço financeiro dos bancos, não em termos do sofrimento humano indescritível que lhe está associado. O que acontece aqui, atinge-nos impiedosamente quando compreendemos que as crianças actualmente queimadas e mutiladas poderiam ser as nossas. Desde a rebelião do imperialismo masculino contra a criação, contra a vida e o feminino, no final do Neolítico, disseminou-se pela Terra uma rede de violência.
Desde o início da revolução patriarcal, o poder tornou-se sinónimo do recurso à violência. Todos os grandes sistemas políticos, económicos e ideológicos foram, consequentemente, sistemas de violência. A violência gera medo, e é através do medo que as pessoas podem ser governadas. O medo é necessário de forma a manter os actuais sistemas de violência. Esta é a doença basilar da sociedade humana moderna e ela é subjacente a todas as epidemias psicossomáticas da actualidade. O medo é a obstrução da nossa capacidade de amar e de estabelecer contacto, e é aquilo que bloqueia o contacto entre seres humanos e animais — o medo gerou a actual crise ecológica. O medo e a violência são gémeos e ambos contribuem para a perpetuação um do outro. O medo conduz ao bloqueio e congestão de energias vitais elementares, gerando um potencial de violência latente em cada organismo afectado pelo medo. As atrocidades cometidas pelo fascismo alemão, seguiram também o princípio cruel do desencadeamento desta energia. É necessário compreender este processo profundamente, de forma a poder resolvê-lo e ultrapassá-lo. Desencadear organismos dominados pelo medo mediante o uso de slogans e imagens de um inimigo, conduz à erupção colectiva de violência, como podemos observar no mundo inteiro. Podemos apenas resolver o problema se for possível quebrar o ciclo global de medo e violência.
Não é suficiente fazer apelos à paz, ou marcar presença em discussões morais, pois o medo e a violência tornaram-se processos psicológicos profundamente enraizados na estrutura das sociedades modernas. Nesse sentido, o trabalho de cura e de paz não se trata apenas de trabalho individual, pois ele é sempre trabalho político. Actualmente, trabalhar para a paz na Terra significa também criar as condições de vida, as estruturas económicas, os métodos de produção, os ambientes sociais, os ambientes sexuais, os ambientes ecológicos, e as estruturas mentais e espirituais capazes gerar paz e cura de forma duradoura.
A palavra chave para uma estrutura de paz é a confiança. O medo e a violência podem apenas ser estruturalmente superados quando criamos novamente a confiança basilar com a qual todos nós viemos ao mundo. Uma das tarefas mais essenciais do trabalho de paz actual é, consequentemente, a criação de ambientes-modelo para a confiança, na qual esta confiança basilar entre todos os seres possa surgir novamente.
Trabalhar para a paz implica também a dedicação a uma militância pacífica e sem medo, pela protecção da vida, onde quer que estejamos. As decisões de vida deste género requerem um elevado grau de força revolucionária. Esta força surge quando começamos a compreender aquilo que infligimos a tantos seres através do nosso hábito de permanecer em silêncio.
5. Paremos com o Massacre de Animais
Um aspecto especial da violência global é a violência infligida sobre os animais. Em termos de crueldade e frequência, as atrocidades realizadas quotidianamente no mundo inteiro, encontram-se para além de qualquer descrição. O que experienciará um cão quando é dissecado vivo (vivissecção) no departamento médico de uma universidade? Que métodos são utilizados quando a criação e abate de animais se encontra na base da nossa gastronomia, da indústria de cosméticos, da indústria farmacêutica, da indústria da moda? Quanta informação de medo e crueldade será enviada, milhares de vezes por dia para o éter, a partir de um laboratório animal, de um matadouro, de uma fábrica de peles? Que viagem de sofrimento tem um animal de percorrer até acabar num hambúrguer do McDonalds ou num cachorro quente? Não pode haver paz na Terra enquanto nós, activa ou passivamente, como agressores ou cúmplices, permitirmos o extermínio em massa dos animais.
Os animais são seres como nós, encontrando-se apenas num outro nível de desenvolvimento. Eles têm alma, são amáveis, brincalhões, curiosos e procuram contacto, e precisam da nossa ajuda de forma a poderem novamente desenvolver-se de forma relevante neste planeta. Frequentemente, eles são como crianças. Pertencem ao corpo vital da Terra e — cada um na sua própria forma e com as suas valências particulares — desempenham um papel no processo universal de descoberta através do qual a vida na Terra cresce em riqueza, profundidade e plenitude. Eles ajudam-nos a compreender a vida, a ver novas possibilidades e novas direcções, e a aprender novas formas de comunicação. Alguns deles, especialmente as baleias e os golfinhos, criaram uma existência e inteligência cósmicas que de muitas formas é superior à da nossa cultura moderna. Precisamos de aprender com eles, ao invés de os matar. Os seres humanos e os animais fazem parte do mesmo corpo vital da biosfera — eles precisam uns dos outros e complementam-se como os diferentes órgãos de um mesmo corpo. Eles foram concebidos não apenas para a co-existência, mas para a comunicação activa entre eles. Quando isto for novamente possível, vamos reparar naquilo que as culturas de paz primordiais sempre souberam: que os animais, tal como nós, são um aspecto da existência e de uma única consciência, e que é apenas juntos que podemos manifestar a beleza da vida na Terra.
6. A Força da Utopia Concreta
Se queremos superar a guerra, precisamos de uma visão concreta para a paz. Se queremos fazer face a um poderoso campo global de violência, precisamos de uma visão concreta para um poderoso campo global de paz. Durante a revolução estudantil dos anos sessenta, testemunhámos a facilidade com que as pessoas se unem para lutar contra algo, e simultaneamente o quão difícil é viver em conjunto. Éramos capazes de resolver o problema de uma barreira policial, mas éramos incapazes de resolver o problema da lavagem de pratos nas nossas habitações comunitárias, o problema das hierarquias dentro dos nossos grupos, e especialmente o problema da sexualidade. À parte dos slogans por uma vida livre de dominação, não tínhamos visões positivas e não conseguíamos imaginar uma utopia realista que nos guiasse até um novo estilo de vida. A maior parte das lutas pela libertação, eram lutas contra a injustiça existente e não pela realização de uma visão de paz e justiça claramente visível e realista.
A tarefa de Tamera é desenvolver uma utopia concreta para um novo tipo de civilização humana e sociedade, e uma nova forma de ligar a nossa vida com os seres da natureza e as forças da criação. Tal utopia concreta contém uma imagem relativamente exacta e um complexa totalidade de informação, referente a uma autêntica cultura de paz. A diferença entre utopia e ilusão, é que a utopia é compatível com o plano interior e as possibilidades da realidade, i.e. do universo. Todos os seres transportam em si uma utopia concreta (algo designado por “entelequia” e “gestalt” interior), que os guia no seu desenvolvimento. A força da utopia concreta é imensa. Ela transforma uma semente numa árvore, uma lagarta numa borboleta, e um embrião num adulto. Os indivíduos não têm esta força por si só, mas obtêm-na através da sua ligação com o todo. A utopia concreta é a matrix ou o plano através do qual a força do todo flui através do indivíduo, trazendo-o à existência. Se uma lagarta quisesse tornar-se borboleta por si só, enfrentaria uma tarefa impossível. A utopia concreta é a força da vida que eleva todos os seres para além das suas presentes limitações.
A acção da utopia concreta segue um princípio de poder que é largamente superior a todos os princípios mecanicistas. O minúsculo rebento de uma erva é capaz de penetrar uma camada de asfalto com 5 centímetros de espessura. Mais uma vez, a fonte dessa força não é o rebento em si, mas é a ligação com o todo, que é imanente ao seu plano interior. A disputa entre o rebento e a camada de asfalto é então determinada a um nível completamente diferente. Da mesma forma, as forças de paz poderão triunfar sobre a superioridade externa das forças de destruição.
Se conseguirmos desenvolver uma utopia concreta adequada a nós e à nossa evolução cultural, não há dúvida que é possível efectuar uma viragem fundamental rumo a um futuro sem violência. Tal poderia proporcionar a matriz ou o plano através do qual o poder da Criação entra no nosso trabalho. Esta é a única força maior que a da violência. A principal ideia condutora de Tamera é o desenvolvimento da utopia concreta que precisa de emergir no actual desenvolvimento entelequial da história, utilizando o poder de uma utopia de paz para influenciar as disputas que rodeiam as decisões centrais da actualidade.
O “sonho” interior da humanidade é a visão ainda não realizada, mas real, de uma comunidade global de seres humanos em solidariedade mútua, ligados pelo cuidado e pelo amor por toda a vida na Terra. Como se traduz exactamente este sonho para a alimentação e produção, para a coexistência entre os géneros, para a organização política das novas comunidades, para a comunicação global e para a colaboração entre os seres da natureza e as forças da criação? Como se traduz este sonho para a nossa coexistência com os animais selvagens, com os animais domésticos, e com os caracóis nas nossas hortas? Como se traduz exactamente este sonho em relação ao nosso dia-a-dia, aos nossos hábitos de alimentação, de amar e de orar? Que tipo de concentração de força e de espiritualidade necessitamos no nosso dia-a-dia, de forma a ver e implementar a utopia concreta que é imanente a nós e à história? Com estas questões, encontramo-nos precisamente no limiar do ponto de Arquimedes, onde tantas coisas se decidem. Não há razão para ficarmos presos às limitações da velha forma de vida.
7. Locais de Cura na Terra
A Terra está envolvida por uma teia de linhas geomânticas (linhas de força). Os nossos antepassados construíram os seus locais sagrados e realizaram as suas peregrinações ao longo destas linhas, embora elas tenham sido frequentemente alteradas mais tarde. A igreja Cristã, em particular, utilizou antigos locais de força “pagãos” para os seus próprios propósitos. Um exemplo impressionante neste sentido é a catedral de Chartres, cujas grandes estruturas Góticas se erguem sobre quatro camadas de locais históricos que todos serviram propósitos ritualistas. Sempre que poderosas linhas energéticas se unem ou cruzam, geram-se locais naturais de cura na Terra. Estes podem comparar-se a pontos de acupunctura no sistema de meridianos dos nossos corpos. Historicamente, os poderosos centros sagrados eram construidos nos nódulos energéticos mais fortes. Aqui, bem antes do início do nosso calendário, erigiram-se os velhos círculos de pedras (muitos deles mais antigos que Stonehenge), bem como velhos templos e locais de oráculo, tal como os que encontramos em Malta. Aqui, encontramos também velhos lugares de iniciação para aqueles escolhidos para serviços sagrados. As sacerdotisas, como cuidadoras destes centros, tinham a tarefa especial de se assegurar da comunicação global entre os diferentes centros, mantendo e cuidando do campo global de cura. Actualmente, em todos os continentes, encontramos nestes centros sagrados vestígios de uma religião global primordial, por exemplo no Peru, Portugal, Irlanda, Eritreia, Malta, Índia, Tibete, Austrália e Polinésia. Estes lugares ainda não “morreram” — a sua informação e a sua força espiritual ainda está activa. No contexto do trabalho global de cura, será bastante relevante reactivá-los e restabelecer a ligação mental-espiritual entre eles. O restabelecimento de uma rede geomântica saudável que envolva a Terra é uma das tarefas de cura da actualidade.
O segundo aspecto de uma rede global de cura está relacionada com as culturas de paz ainda existentes. Apesar da sua exterminação durante a era patriarcal, especialmente durante os tempos Cristãos e coloniais, algumas delas existem ainda na sua forma original, por exemplo, alguns grupos de aborígenes na Austrália, Tibetanos nativos, Esquimós, Nativos Americanos, Indianos, Africanos e alguns dos povos dos Andes, etc. Aqui, encontra-se ainda vivo um conhecimento ancestral sobre um planeta saudável e sobre ligações eternas dentro da Criação. Este conhecimento tem de ser recuperado a um novo nível, de forma a podermos ligar-nos com o poder e a sacralidade da criação. Actualmente é absolutamente imperativo que estas tribos de paz sejam protegidas de destruição acrescida.
O espírito moderno deste próximo terceiro milénio tem de voltar a ligar-se com as fontes espirituais intemporais dos tempos ancestrais, sem regredir a velhos formatos culturais. Durante centenas de milhares de anos, a humanidade viveu a partir destas fontes antes de ser separada delas por consequência da revolução patriarcal. O conhecimento destas fontes encontra-se armazenado nas nossas células. Consequentemente, ele encontra-se ainda existente e pode ser despertado de novo actualmente. As tribos de paz que ainda estão hoje vivas não são atracções turísticas — elas são as últimas representantes de um conhecimento de paz previamente existente na Terra. É necessário envolvermo-nos com elas, de forma a ligar o velho “campo de paz” com o novo. Elas precisam da nossa ajuda, da mesma forma que nós precisamos da ajuda delas.
8. A Questão dos Géneros
Não poderá haver paz na Terra enquanto houver guerra no amor. O período histórico de 5 mil anos, da era patriarcal, é uma história de guerra entre os géneros, uma guerra que ainda não terminou. A batalha de cinco mil anos contra o mundo feminino é o capítulo mais cruel da história da humanidade até à data. Nenhum de nós recuperou ainda desta experiência. Não conseguiremos desenvolver conceitos fundamentais de paz na Terra e entre seres humanos até compreendermos esta guerra e os resultados insanos que ela produziu na sociedade e em nós. Uma tarefa primária de todos os projectos futuros, será libertar a relação entre os géneros dos tabus, preconceitos e crueldades de uma era insana. Uma nova cultura, calorosa e não violenta, está enraizada numa nova relação, calorosa e não-violenta entre os géneros. Este é um ponto que não podemos ignorar nos novos conceitos de ecologia, espiritualidade e cura, se queremos alcançar soluções realistas. Não pode haver ecologia saudável sem uma sexualidade saudável e realizada.
Todos nós viemos ao mundo através da ligação sexual entre homem e mulher. A sexualidade é a fonte biológica da nossa vida, ela é realmente o “tema #1”, dado que todos nós existimos no corpo. Uma perturbação da sexualidade gera uma perturbação na totalidade do organismo. Quase todas as doenças da sociedade ocidental são pelo menos parcialmente provocadas por uma perturbação do equilíbrio da energia sexual, e a maioria das doenças emocionais e psicossomáticas da actualidade estão enraizadas em questões não resolvidas na área do amor entre os géneros. Muitas mais pessoas morrem anualmente fruto de conflictos não resolvidos na área do amor, do que fruto de acidentes de automóvel — que frequentemente possuem também a mesma causa. Enquanto os géneros não encontrarem realização no amor, terão de compensar esta carência através do turismo, consumismo, disputas de estatuto, poder, e guerra. São estas as fundações da actual sociedade capitalista global.
Alguns pré-requisitos para um futuro sem violência são que a guerra entre os géneros seja terminada, que o homem seja libertado das suas ansiedades sexuais secretas e sentimentos de inadequação, que a mulher se ligue novamente com as suas fontes originais de poder e com a sua tarefa central na comunidade humana, e finalmente que ambos se libertem da ilusão de que o ciúme faz parte do amor. Homem e mulher são duas polaridades do ser humano. Eles têm agora de se unir, de forma a “encaixar”, para que encontrem a realização permanente inerente ao amor físico e emocional entre os géneros. Aqui, já não podemos evitar confrontar certos conceitos cuidadosamente estudados sobre amor livre. O amor e a sexualidade são forças universais da vida — numa sociedade universal de paz, elas já não podem estar presas a uma única pessoa, nem podem ser restringidas por vedações privadas. Numa cultura universal de paz, o amor livre e as parcerias duradouras não se excluem. Pelo contrário, são interdependentes e complementam-se. Os velhos padrões de “lealdade” sexual e ciúme baseiam-se na desconfiança entre os géneros. A liberdade mais profunda, que se encontra no coração de toda a liberdade, é a liberdade do amor entre os géneros. Esta é a fonte de uma nova ética e de uma nova ordem na qual as pessoas já não precisam de se negar a si próprias e de se esconder dos outros. Esta liberdade conduz-nos a uma alegria de viver que é autêntica, poderosa e não-violenta. Isto é de extrema importância na utopia concreta que temos agora de fazer nascer.
As comunidades do futuro e os projectos que trabalham por uma nova forma de vida, podem apenas funcionar a longo-prazo se os seus membros conhecerem e compreenderem o princípio do amor livre, se souberem que ele não se opõe a qualquer ética de lealdade e responsabilidade, e se souberem que eles podem segui-lo. De forma a esta nova força se poder desenvolver, precisamos de um ambiente abrangente de liberdade e comunidade. Todas as formas de ideologia ou de pressão social são contra-produtivas quando se trata de mudanças tão profundas nestas áreas fundamentais. Isto é verdade para as nossas fontes eróticas, bem como para as nossas fontes mentais e espirituais.
9. Criação de um Campo Global através de Trabalho Selectivo
Já não podemos contra-atacar com violência, em resposta à violência global — a era de revoluções violentas terminou. Primeiro, elas não fazem sentido face ao verdadeiro equilíbrio de poder — segundo, elas nunca alcançam um objectivo humano, pois a violência — incluindo a contra-violência — gera sempre ainda mais medo e violência. Este é um princípio psicológico que até agora não pôde ser ultrapassado por nenhuma revolução. Para o trabalho global de paz, precisamos consequentemente de um conceito fundamentalmente diferente. Um ponto central no novo conceito, é o da criação de um campo global através de intervenção selectiva, em suma: a lei dos campos.
De forma a aliviar o corpo de uma doença, não é necessário tratar individualmente todos os seus órgãos e células. Basta introduzir nova informação que actue como impulso rumo à cura, tal como um medicamento ou algumas agulhas de acupunctura introduzidas nos lugares correctos. Se as linhas e centros energéticos do corpo são afectados por esta intervenção, o corpo faz o resto do trabalho automaticamente. Este princípio pode ser aplicado à Terra como um organismo próprio. É suficiente inserir um impulso concentrado de paz num determinado “ponto de acupunctura” ou centro energético, de forma a estimular a Terra como um todo. (Falo aqui de um princípio teórico. O trabalho concreto em áreas de crise é absolutamente necessário e é uma parte substancial da escola de paz fundada em Tamera — ver ponto 11.)
A razão para esta forma de funcionamento encontra-se no facto da Terra e da sua biosfera constituírem um organismo unificado, um corpo vital unificado, e um corpo de informação unificado. Isto pode ser observado, por exemplo, no código genético, cuja estrutura matemática basilar é equivalente em todos os seres vivos — plantas, animais, seres humanos. Consequentemente, todos os seres seguem a mesma informação basilar da vida. A semelhança matemática encontrada em fórmulas universais paralelas, tal como entre o código genético e o I-Ching Chinês, demonstra a semelhança entre a estrutura informacional de ambas as áreas moleculares e mentais-espirituais. Teilhard de Chardin chamou a este corpo informacional da biosfera, a “noosfera”. Se introduzimos nova informação na noosfera, compatível com o sistema geral, o efeito é semelhante ao da medicação introduzida no sistema geral do nosso corpo. Todos os seres fazem parte da noosfera, consequentemente — pelo menos de forma latente — a informação introduzida afecta todos os seres. É através desta informação que nasce um novo “campo”.
Cada acção individual pode criar um novo campo, se ela for baseada em nova informação. Quando Reinhold Messner escalou o Monte Everest sem oxigénio, ele criou nova informação geradora-de-campo. A partir daí, foi também possível para outros alpinistas escalar o Monte Everest sem oxigénio. Existem diversos exemplos semelhantes nas áreas do desporto e da tecnologia. O princípio da “criação de campos morfogenéticos” está presente em toda a evolução, pois ele é consequência directa da lógica funcional holográfica do corpo vital global, no qual todos os seres estão interligados. Se conseguirmos criar nova informação, abrangente, referente à criação de uma cultura sem medo e violência, em alguns novos centros de cultura na Terra, esta informação não afectará apenas este lugares especiais, mas toda a noosfera da Terra. O resultado será que dentro de um curto espaço temporal, outros modelos semelhantes irão emergir noutros lugares da Terra.
Fomos preparados para este tipo de possibilidades, não apenas através da medicina e do estudo de sistemas biológicos, mas também através dos modelos utilizados em investigação do caos. Pequenas mudanças, introduzidas em determinados pontos da Terra, podem gerar enormes efeitos gerais, devido ao princípio matemático da auto-amplificação. A combinação deste tipo de ressonância e do efeito multiplicador permite-nos desenvolver uma teoria política com uma nova estrutura lógica. O sistema funciona “automaticamente” se ao seu mecanismo for dado um novo impulso na direcção correcta.
Consequentemente, uma das tarefas mais urgentes do trabalho global de paz é o desenvolvimento deste tipo de lugares de força para a informação concreta de paz. Quando mais abrangente for a nova informação, mais áreas da vida serão por ela abarcadas. Quanto mais complexa ela for e quanto mais profundamente se relacionar com as ligações básicas da nossa existência mental-espiritual e biológica, mais será universalmente aplicável e mais forte será o seu efeito global de campo. Aqui podemos compreender as belas palavras de Victor Hugo: “Nada é mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou.”
10. Criação de Biótopos de Cura
Aos novos centros de força a estabelecer, chamamos “Biótopos de Cura”. Um Biótopo de Cura é uma comunidade de pessoas, animais e plantas cujas forças vitais se complementam, ao invés de se bloquearem fruto da violência ou do medo. O paradigma de cura subjacente, resulta da união entre todos os seres vivos.
Não existem estruturas isoladas. Todos os seres vivem em relação com outros. Toda a existência é comunitária. Nesse sentido, a cura não é um processo isolado, mas um processo que ocorre em relação com outros seres. A cura do ser humano ocorre na sua relação com os outros seres humanos, bem como através da sua relação com animais, plantas, natureza e criação. A força de cura mais profunda, tanto ao nível biológico como mental-espiritual, é a força da confiança. O holograma do medo deve ser substituído pelo holograma da confiança, uma mudança que tem de alcançar até os processos celulares. Quando este ponto de viragem for alcançado, irá emergir, em todas as relações, um novo conjunto de informação necessária à criação de um novo campo de força. Este é um processo de grande alcance. Alguns exemplos baseados na experiência: onde há confiança, o medo de cobras desaparece. Onde há confiança, surge a coragem para saltar para a água a partir de grandes altitudes. Onde há confiança, desaparece o medo de ser abandonado, tal como o ciúme. De igual forma, não há espaço para pensamentos de ódio ou violência. A confiança é a energia de paz: confiança entre crianças e adultos, entre homem e mulher, entre diferentes comunidades e povos, entre o mundo humano e o mundo animal, entre o ser humano e o universo.
A criação de confiança dentro de uma comunidade requer grande esforço, pois temos uma maior tendência para desconfiar em situações críticas relacionadas com os temas do sexo, amor, poder ou dinheiro. Precisamos de um conceito muito profundo e bem fundamentado para a comunidade humana, de forma a dissolver os nossos conflictos traumáticos e criar confiança. A confiança é essencialmente uma questão de verdade. Quanta verdade conseguem dois amantes integrar, quanta verdade consegue uma comunidade integrar, e como pode ela lidar com a verdade? Aqueles que deixam de precisar de fingir ou de se disfarçar frente a outros, já não precisam de temer não ser amados. Quem quer que se liberte deste medo, pode desenvolver uma autêntica qualidade humana.
A construção de comunidades estáveis envolve o trabalho nas nossas próprias estruturas de carácter. Para que as forças de paz possam ter um efeito externo, elas devem estar firmemente enraizadas dentro daqueles que trabalham para a paz. Os nossos defeitos pessoais não são problemas privados, mas reflexões de defeitos globais. Quanto mais os conseguirmos curar dentro de nós, mais os poderemos curar no mundo que nos rodeia.
Um elemento interessante de um Biótopo de Cura é o santuário. Em culturas antigas, o santuário era um lugar onde ninguém podia ser castigado. Os criminosos que conseguiam alcançar este lugar já não podiam ser perseguidos e podiam ali começar uma nova vida. Para a cura dos nossos próprios pensamentos, é importante que nos voltemos a ligar com esta tradição e que possamos compreender verdadeiramente o conceito do perdão. Cada um de nós experienciou o ódio contra determinadas pessoas. Estaremos capazes e dispostos a perdoar? Será o nosso conhecimento e desejo de paz suficientemente forte para isso? Este é um tema com o qual temos de lidar, se queremos verdadeiramente quebrar o ciclo de medo e violência. Somos intransigentemente conduzidos àquelas áreas interiores onde a força e soberania do nosso trabalho pela paz pode dar provas. Na sua estrutura e forma de vida, os Biótopos de Cura estão ligados com uma nova forma de vida planetária. O seu abastecimento energético, a sua utilização de água, a sua dieta, hábitos de consumo e reciclagem, orientam-se de acordo com uma cura global de longo-prazo. A sua forma de vida é relativamente simples, mas energética. O seu foco e os centros de força na vida transformam-se, pois estão integrados no todo universal. Neles, o princípio do ego dá lugar a uma consciência universal e a um fluxo universal de energia. Acedem-se então a reservatórios de força que abrem novas possibilidades nas áreas da cura, tecnologia e criação global de campo.
Os Biótopos de Cura são sementes vivas do futuro, e operam de acordo com o princípio da “criação morfogenética de campos”. Assim que o primeiro modelo tiver sido criado, aumenta a probabilidade para a criação de outros. Chegou a hora para a criação de Biótopos de Cura em todos os continentes. Quantos mais Biótopos de Cura forem criados, mais intenso será o efeito global do campo. A futura comunidade global da Terra irá emergir a partir de uma rede de Biótopos de Cura, comunidades e povos que entraram num estado de confiança e cooperação com todos os seres.
11. O Projecto Tamera
Tamera é um Centro de Investigação e Educação situado numa propriedade de 140 hectares em Portugal, onde um crescente grupo de trabalhadores de paz tem trabalhado desde 1995, de forma a criar as condições de vida necessárias ao desenvolvimento de um Biótopo de Cura. O trabalho baseia-se nos pensamentos e metas acima descritas.
Em Tamera, estamos a desenvolver uma escola de paz na qual as fundações teóricas e práticas do trabalho global de paz são ensinadas. Aqui inclui-se sempre a nossa própria cura. Não podemos criar uma força de paz no mundo exterior a não ser que essa força exista em nós. Precisamos de uma visão concreta para a paz, incluindo para a nossa própria paz, de forma a conseguir dar uma resposta eficaz à guerra. Precisamos de reconhecer e superar o ciclo global de violência e medo, dentro de nós, se planeamos desenvolver conceitos realistas para a sua dissolução global. Esta ligação permanente entre as estruturas internas e externas constitui uma qualidade fundamental do trabalho holístico de paz. Consequentemente, a escola ensina temas relacionados com a nossa vida interna, tal como a arte de superar o medo, sexualidade e cura, a lógica do amor, construção de comunidades e facilitação de grupos, cosmologia e estudo de religião, evolução e história antiga, e a força da utopia concreta. Todos os participantes da escola atravessam um programa de treino ao nível intelectual, espiritual e social, através do qual se podem libertar dos seus bloqueios pessoais. A meta desse treino é que os participantes assumam tarefas profissionais em Tamera, noutra comunidade orientada para o futuro, ou em trabalho de paz internacional.
A escola de paz serve para treinar pessoas que se tenham comprometido com o seu trabalho e com a sua profissão futura, ao serviço da cura e do trabalho de paz global. Os trabalhadores de paz eficientes precisam de um compromisso e de uma energia profissional que se mantém estável, até mesmo quando, por exemplo, a sua vida amorosa se encontre temporariamente “encalhada”. Mas eles precisam também de uma tarefa profissional e de um propósito que os permita solucionar os seus conflictos pessoais e aprofundar a sua vida amorosa. A vida profissional e “privada”, a revolução e o amor, o trabalho político e a emancipação pessoal precisam de unir-se, se queremos criar a força e a forma de vida necessárias à criação de paz na Terra. Esta é uma premissa subjacente a todos os cursos de treino na escola de paz em Tamera. Uma cultura não-violenta requer novas profissões e novos programas de educação, de forma a tornar possível um trabalho produtivo a longo prazo.
Para os mais jovens, que querem familiarizar-se com este trabalho, estamos a desenvolver uma escola de jovens para a aprendizagem global. Para diversos jovens, a ideia de entrar no mundo profissional existente tornou-se desprovida de sentido. Eles precisam de novas perspectivas de vida e de poder preparar-se para novas profissões, no contexto de uma cultura global de paz. Por este motivo, serão realizadas viagens a partir de Tamera, nas quais os jovens poderão participar em trabalho de paz noutros países, ganhando consequentemente uma percepção “cosmopolita” da situação global. Um objectivo da escola de jovens é desenvolver uma nova relação com a natureza e uma autêntica relação de confiança com os animais.
12. O Instituto para o Trabalho de Paz Global (IGP)
A produção e distribuição deste manifesto coincidiu com a fundação do Instituto para o Trabalho de Paz Global em Tamera, em 2000. A infraestrutura foi agora suficientemente desenvolvida de forma a permitir o trabalho do instituto a uma escala mais ampla. A tarefa do instituto é acelerar a criação global de redes e cumprir os objectivos dos Biótopos de Cura, em tantos lugares quanto for possível. Mais uma vez, gostaria de referir a lista de objectivos em palavras-chave:
- cooperação com a natureza e todos os seres
- reintegração de biótopos humanos no “holon” geral da Criação
- sexualidade realizada e um fim da guerra entre os géneros
- dissolução da cadeia global de violência e medo — também dentro de nós
- criação de comunidades orientadas para o futuro, que introduzem no mundo nova informação geral de paz, através da sua prática quotidiana
- colaboração e fomentação de contactos entre grupos e indivíduos que se comprometam com a construção de uma força global de paz
- criação de uma biosfera livre de medo
- desenvolvimento de um conceito para uma civilização global não-violenta na Terra.
O IGP colabora com todos os indivíduos e instituições que estejam interessadas em realizar os objectivos acima descritos.