“ESPELHO DE MEMBRANA ULTRA-LEVE”
Avanço para Cozinha Solar e Processos Industriais à Escala Comunitária
Dr. Douglas Baillie, 31 de Janeiro de 2018
Durante os últimos três anos, no Campo de Testes Solares, dedicámo-nos ao desenvolvimento de uma tecnologia bastante interessante: a utilização de membranas finas de polímero, esticadas para criar um concentrador solar de alta precisão para diversas aplicações descentralizadas de energia solar.
De forma resumida, o nosso espelho protótipo usa uma película de polímero reflectivo com 0.1 mm de espessura, insuflado com ar pressurizado sobre uma estrutura de alumínio leve, atingindo uma alta precisão óptica de forma pouco dispendiosa e com muito pouco energia incorporada. O espelho possui uma abertura óptica eficaz de ~4m2, uma concentração de mais de 1000 vezes, atingindo temperaturas superiores a 1000 graus Celsius, e tendo várias aplicações que vão desde cozinhar ininterruptamente com armazenamento de energia, passando por cerâmica, metalurgia e calagem para construções de argila impermeáveis, até à produção de combustível fotocatalítico.
Atingimos o nosso objectivo maior ao completar o protótipo do espelho, e celebrámos este acontecimento em Outubro de 2017, aqui em Tamera, com os nossos parceiros da Índia e Austrália, o nosso mentor e físico alemão Jurgen Kleinwaechter – inventor do espelho – e outros convidados. Uma pequena reportagem do realizador independente “Daywalker” pode ser vista aqui em Inglês:
Na última semana, apresentámos o nosso trabalho, bastante aclamado por um público internacional na conferência CONSOLFOOD 2018, em Faro, Portugal. Nas palavras de um reputado empreendedor solar, com vasta experiência em inovação e instalação, “Aquilo que têm em mãos pode mudar o mundo. Isto trata-se da próxima geração de um trabalho que temos estado, há décadas, a realizar. A apresentação do vosso trabalho já fez com que valesse a pena vir a esta conferência.” O reconhecimento por outros especialistas desta área é compreensível: o espelho combina alta eficiência com requisitos materiais mínimos, tendo, por isso, a possibilidade de se tornar um produto económico de produção em massa com várias aplicações, cozinhando 24 horas por dia, ou funcionando como fonte energética descentralizada multi-funcional.
Ao voltar da conferência, não saímos apenas com o reconhecimento do nosso trabalho, mas também com propostas para mais colaborações no desenvolvimento do protótipo, para que este possa ser disponibilizado no mercado.
O conhecimento e as certezas obtidas ao trabalhar com esta tecnologia e ao ver como ela funciona – derretendo metal, cozinhando para 15 pessoas muito depois do pôr-do-sol, resistindo à chuva e ao vento – confirma a importância da criação de um modelo funcional de demonstração do espelho. A próxima fase de desenvolvimento não estará tão dependente de Tamera, mas dos nossos parceiros de cooperação com quem estamos envolvidos na transferência desta tecnologia. O nosso pequeno grupo, com recursos limitados, foi capaz de demonstrar um protótipo funcional da tecnologia de espelho de membrana. Mas para continuar este trabalho, até que a tecnologia seja acessível ao público, é necessária uma escala diferente de engenharia e recursos financeiros. A nossa tarefa, agora, encontra-se no trabalho com as parcerias que têm surgido, transferindo o nosso conhecimento e permitindo que o projecto se torne independente, para que possa fazer a diferença no mundo, reduzindo a desflorestação e contribuindo para um futuro de energia solar descentralizada.
Sinceros agradecimentos aos nossos parceiros:
- Murad Futehally da Transweigh International, Índia, pelo apoio financeiro (particularmente no início do projecto), pela sua integridade desde o início até ao fim, pelo compromisso contínuo enquanto parceiro no desenvolvimento, levando a cabo a transformação de um protótipo num produto.
- Klaus Langer, Latronics, Austrália, pelo apoio na realização do projecto. Agradecemos pelo seu compromisso exemplar com a sua palavra, e por agir a partir do coração.
Gostaríamos também de expressar a nossa gratidão a Patrick Hester, fundador da Lamina Dielectrics, Uk, pelo seu generoso apoio no fornecimento dos tubos de polímero utilizados no protótipo. Este foi um gesto de boas-vindas solidárias que tornou o nosso trabalho significativamente mais fácil.