A QUESTÃO NÃO É O CORONAVÍRUS

Tenho consciência das atrocidades cometidas globalmente nos dia de hoje, em nome da covid-19. Vejo a pobreza, o sofrimento das crianças, a falta de esperança e a morte solitária de pessoas que foram impedidas de ter contacto, a concentração da riqueza e do poder num grupo muito restrito de pessoas, e muito mais. Actualmente, muitos reconhecem este tipo de ligações, manifestando-se contra elas. Mas neste artigo gostaria de salientar aspectos completamente diferentes, que temos de ter em consideração quando questionamos as causas da pandemia, e também quando indagamos como poderá surgir um novo futuro, no qual valha a pena viver.

Dr. Dieter Duhm, Maio de 2021

Hoje recebi duas informações de diferentes partes do mundo. Uma veio de Belém, Palestina, através de Sami Awad, um trabalhador pela paz que se encontra bastante activo no grupo “Defend the Sacred” (“Defender o Sagrado”). Sami perguntou: “Como acabar com esta interminável guerra no Médio Oriente? Há mais de dois mil anos que Jesus espalhou a sua mensagem de paz. Desde então, o mundo conheceu pouco mais do que a guerra. Ainda assim, o que podemos fazer para manifestar a paz na Terra?”

A outra informação veio de uma amiga portuguesa que me disse em inglês: “Whatever it is, it is about love.” (“Seja o que for, é uma questão de amor.”) – Depois de muitos anos de experiência e vivência em comunidade, tenho consciência da profundidade destas palavras.

O anseio pelo amor e a realidade factual da guerra: desde as lutas políticas e religiosas até às relações amorosas mais íntimas, é esta a tensão na qual todo o mundo humano se encontra. Quando esta tensão explode, acontecem coisas horríveis por todo o lado. Coisas que não conseguimos aguentar se realmente olharmos para elas de perto. É horrível o que as pessoas fazem umas às outras e é também horrível o que as pessoas fazem aos animais. E agora temos a pandemia da covid-19, após a qual não haverá regresso à até então considerada “normalidade”.

Caso esta tensão continue a aumentar, sob a pressão de um sistema global tremendamente hostil à vida na Terra, seremos confrontados com acontecimentos bastante dramáticos. Acontecimentos de toda uma nova dimensão. Estamos definitivamente perante um apocalipse global, ou perante uma nova Era.

Não temos tempo a perder perante o genocídio, o abate de animais e a destruição da natureza. O grito das pessoas e dos animais torturados pode ser ouvido do Pólo Norte ao Pólo Sul.

O mundo viu a fotografia da criança com três anos de idade, que deu à costa após ter morrido afogada na sequência de um naufrágio, juntamente com outros refugiados.

Temos visto a situação miserável de refugiados que passam o Inverno em abrigos improvisados, em condições indescritíveis. A biosfera está envenenada por uma nuvem de crueldade que afecta seres humanos e animais. Não me refiro apenas à guerra e à destruição da natureza… todos os anos, olhando apenas para a Alemanha, são abatidos 60 milhões de porcos que libertam o seu último suspiro de medo na atmosfera. Qual o impacto desta tragédia na nossa biosfera? Ou um outro exemplo ainda mais marcante: qual o impacto de – quase que nem me atrevo a escrever isto – em África, a mutilação genital ser realizada em 6000 raparigas por dia, frequentemente sem anestesia? Será que ainda temos a coragem de enfrentar esta realidade? Este é apenas um exemplo de muitos, muitos outros. O que se esconderá, por exemplo, por detrás do termo “pornografia infantil”, que é bastante comum nas sociedades ocidentais? Será que a narrativa da covid-19 decorre no contexto de um envenenamento biosférico e espiritual, que assola este planeta, e que não foi causada por um vírus mas por uma civilização humana desorientada?

Quando olhamos para a crueldade praticada em quase todo o mundo, seja contra o ser humano, contra os animais ou contra a natureza; quando olhamos para o medo, a desconfiança e a guerra latentemente presentes até mesmo nas relações mais íntimas, podemos ver como estes aspectos constituem o veneno através do qual a covid-19 se consegue espalhar por todo o mundo. Não existe uma vacina capaz de curar isto. Não acredito que possamos acabar com a indústria de armamento, com o genocídio, o abate de animais, a destruição da natureza e as alterações climáticas através da introdução de vacinas. E a loucura dos dias de hoje chega mesmo a ir para além disso: há quem queira combater a pandemia com medidas de proibição de contacto e proibição de alegria, o que na realidade acaba por reforçar, permanentemente, esta crise de vida. Guiados pelo medo da morte, acabam por destruir a vida.

Quero observar esta situação de uma perspectiva mais ampla, desta vez com a distância necessária: a vida na sua totalidade forma um todo que é coerente entre si, um “continuum”. Todos os seres na Terra representam órgãos num só corpo, espírito e mente. O que fazemos a outros seres, acaba sempre por voltar a nós, de uma ou outra forma. Ao destruir o orgão de um corpo vivo, acabamos sempre por prejudicar todo o organismo. A civilização actual encontra-se numa contradição fundamental. Esta trava uma guerra contra aparentes perturbações e não vê como, através dessa mesma guerra, acaba por criar condições para futuras perturbações. Declara guerra ao coronavírus a fim de gerar saúde no corpo, acabando por destruir a alma das pessoas; declara guerra contra o que designa de “pragas” – com a intenção de produzir vegetais saudáveis – acabando por destruir o tecido vivo das hortas. Tortura animais em laboratórios, a fim de desenvolver medicamentos, acabando por fazer com que a condição geral da vida se torne cada vez pior. Com o trabalho diário que é realizado num único laboratório animal, produzem-se mais doenças no corpo vivo da biosfera, do que as que podem ser curadas pelo conhecimento adquirido nesse mesmo laboratório, uma vez que as crueldades realizadas num laboratório animal danificam o corpo biológico na sua totalidade.

De um ponto de vista científico e ético, somos forçados a seguir novos caminhos para que se torne possível curar a humanidade e a Terra. O mundo da existência Universal – a Matriz Sagrada – baseia-se na cooperação. A única forma de ultrapassar a crise não consiste na constante adição de novas vacinas, mas sim num processo de desintoxicação da Psicosfera da Terra e através da construção de uma nova forma de viver que esteja alinhada com a cura, onde o vírus possa acabar por desaparecer por si só.

Alguns dos activistas que conhecemos, após trabalharem em diversas áreas de crise deixaram de ser capazes de lidar com a dor global e acabaram por ficar doentes ou deprimidos. Diagnósticos médicos como a depressão, o cancro, etc., deixam de ter um significado real neste contexto, porque o problema deixa de ser apenas individual, mas passou a relacionar-se com uma pandemia de confusão global. Já não se trata também de fazer apelos, de desejar ou ter esperança, mas de uma necessidade de agir de forma a transformar o planeta. Uma acção que traga uma informação de cura ao mundo. A Terra precisa de uma nova informação, a cultura humana precisa de um novo fundamento a nível mental e espiritual.

Talvez tenha sido precisamente a covid-19 que fez com que muitas pessoas se tenham apercebido que a questão, na verdade, não se prende com a covid-19, mas que acima de tudo o que precisamos são novos alicerces para a alma e uma nova base mental e espiritual para a vida na sua totalidade. Mas que base e que alicerces? Trata-se de uma nova base mental e espiritual nas áreas da nossa relação com a natureza, o Eros e a Religião. Quem quer que tenha encontrado esta base numa área, acaba também por encontrá-la nas outras áreas, porque todas as forças da vida se unem numa só origem. Temos persistentemente recusado abordar assuntos religiosos. Ainda assim, o que é que aconteceu há alguns anos atrás, quando o Papa Francisco visitou o Rio de Janeiro? Dois milhões de jovens passaram a noite com os seus sacos de cama na costa, com o intuito de não perder a sua mensagem. Testemunhei algo semelhante num festival de Pentecostes em Taizé, França, quando milhares de jovens montaram as suas tendas com o intuito de ouvir a mensagem do Frère Roger (irmão Roger), convivendo uns com os outros nesse espírito durante uma semana. Foi uma semana muito bonita. Em ambos os casos, estes jovens não eram somente crentes de uma religião em particular, mas simplesmente seres humanos em busca de um propósito para as suas vidas.

Precisamos claramente de uma nova forma de centrar a nossa existência em torno de algo superior. A felicidade que tanto desejamos encontra-se na certeza de que existe algo superior. Este “algo superior” baseia-se numa mudança da orientação espiritual, para que esta se alinhe com o espaço onde a vida encontra a sua origem, o espaço onde nasce todo o amor e toda a cura, o espaço no qual originamos e ao qual pertencemos. Precisamos de uma nova resposta global às questões do amor e da vida na Terra, para que as próximas gerações se sintam em casa na Terra. Na realidade, não apenas para as próximas gerações, mas também para todos os que tiveram de fugir aos bombardeamentos das suas casas e à destruição dos seus lares.

Esta resposta existe. Não só existe no plano da criação como também e ocasionalmente, se revela nos milagres da caridade e da confiança, por vezes quando passamos por uma experiência de quase-morte ou quando nos curamos milagrosamente. Existe uma forma divina e universal para a vida no mundo. Esta forma encontra-se latentemente presente em todo o lado e baseia-se na unidade, no amor e na cura. No meu livro descrevi-a como sendo um “desenho” do mundo, que está de acordo com a “Matriz Sagrada”. Onde quer que as pessoas se reúnam neste nível mais elevado de vida, o amor surge naturalmente. Pude testemunhar uma situação onde um casal estava no que parecia ser um conflicto sem resolução e, de um momento para o outro, a mulher estende a sua mão ao seu parceiro, e a guerra até então presente na alma, acaba por transformar-se em amor.

É definitivamente a força do amor, que abre as portas para um novo mundo. Quer seja amor sensual, amor de alma ou amor espiritual — sempre que há amor, há sempre uma dimensão divina que actua a partir da alma do mundo. Será que corro o risco de me tornar sentimental? Será que ainda temos presente no nosso íntimo, a memória de duas mãos apaixonadas a aproximarem-se uma da outra pela primeira vez? E o momento do primeiro beijo? Estas são experiências primordiais de felicidade e de aceitação. “Enviem este beijo para todo o mundo!” Foram as palavras de Friedrich Schiller no seu poema “Ode à Alegria.”

Nos dias de hoje, quase esquecemos a importância fundamental que o amor tem na vida de TODAS as pessoas: o amor é a essência de todo o bem. Nesse sentido, a minha amiga portuguesa, mencionada no início deste artigo, tem toda a razão. Existe algo dentro de nós que está profundamente orientado para a amizade, a solidariedade, o sentido de comunidade, para a qualidade da noite de núpcias, para o amor eterno. Em breves encontros ou momentos de união, passamos por essa experiência de uma forma tão íntima, tão profunda, que queremos mantê-la para sempre. Ainda assim, continuamos a perdê-la repetidamente, por vezes até ao dia em que estamos à beira da morte, e acabamos por recordá-la novamente. Por que é que ainda não conseguimos cuidar desta vivência na vida real? Porque viemos de uma guerra que durou milhares de anos, onde a humanidade destruiu quase tudo o que outrora amou. Onde no início havia amor, acabou por surgir o ódio – no entanto e por detrás de cada acto de agressão, esconde-se um mero desejo de amor que é inerente à infância.
Há uns tempos atrás, estava eu a passear na Baixa Baviera quando ao passar por uma quinta ouvi o ladrar agressivo de um pastor-alemão preso numa jaula. Sendo que nunca tive medo de cães e que por acaso a porta estava destrancada, decidi entrar na jaula e saudar o cão. O cão saltou para cima de mim, abraçou-me fortemente e não queria de todo deixar-me ir embora. Foi uma experiência de amor puro.

Nos dias de hoje, a criação de modos de vida alternativos deixou de ser suficiente. A experiência do Monte Veritá é um exemplo disso. Estes modos de vida acabam sempre por desabar devido à existência permanente de uma teia de conflitos humanos latentes. Este “teatro” tem vindo a repetir-se com demasiada frequência, em cada comunidade e no seio de diversos movimentos. Na maior parte das vezes, a causa foi o “Tema Número 1,” tendo também em conta todos os sintomas que resultam deste tema: como o ciúme, a violência, o abandono e o desespero. Actualmente, estes são temas que dizem respeito a toda a humanidade. Nenhum soldado do Estado Islâmico teria alguma vez matado um ser humano se tivesse sido criado num lar com amor e num ambiente social saudável.

Não pode haver paz na Terra enquanto houver guerra no amor. Assim que em qualquer parte qualquer do mundo esta guerra chegue ao fim, o caleidoscópio cósmico irá revelar-nos uma perspectiva de vida completamente diferente. O nosso amigo Arkan Lushwala (tradicionalmente um Guardião de Altares do Peru) escreveu: “Quando uma mulher e um homem curam a sua relação, estão também a curar o ambiente, porque estão a trazer de volta à Terra o equilíbrio entre o fogo e a água.” E, de uma forma bastante simples, Vincent van Gogh afirmou que “onde o amor nasce de novo, a vida nasce de novo.”

Foi a partir de tais pensamentos que o projecto dos Biótopos de Cura surgiu há várias décadas atrás. Aqui juntaram-se pessoas que queriam seriamente trabalhar numa forma de vida para a paz na Terra. Pessoas que tinham consciência do sofrimento interminável presente no mundo, da tristeza colectiva que é associada ao amor, da corrupção nos bastidores da política internacional e do destino indiscritível dos refugiados; essas pessoas sabem o que significa tortura, têm consciência do destino cruel dos animais e testemunharam agora também a miséria da solidão, da pobreza e da fome provocadas por esta encenação global, realizada em nome do coronavírus.

Essas pessoas trabalharam activamente durante vários anos em diferentes movimentos pela paz. Mas acabaram também por se aperceber que a maior parte dos movimentos não têm uma base estável. Isto porque a união que havia entre eles estava sempre dependente da existência de um inimigo no exterior. Essa união deixava de existir quando se abordavam assuntos íntimos, tais como o poder, a autoridade, o sexo e o amor. Desta forma, não havia como alcançar a paz, pois só podemos criar paz no mundo quando alcançamos a paz no nosso mundo interior. Normalmente, as amarras das quais nos queremos libertar, encontram-se dentro dos nossos próprios corações.

Como será possível que ainda hoje existam pessoas com a coragem de acreditar num futuro digno de ser vivido? O que faz com que essas pessoas ainda estejam dispostas a dedicar a sua vida a esse mesmo futuro? Porque têm consciência da existência de um outro mundo para além deste. As pessoas não são somente cidadãos de um país ou de uma cultura em particular, são também seres planetários que vieram de um mundo cósmico. Será que não viemos todos desse outro mundo? Quem é que deu origem à nossa existência? Aos nossos órgãos e às nossas células? Aos nossos pensamentos? À nossa consciência? De onde vêm todas as forças que guiam as nossas vidas? Quando damos suficiente espaço à nossa mente e ao nosso coração para que as maravilhas da vida e do amor se realizem, o que é que vemos então? Talvez seja necessário ter conhecimento sobre o céu para podermos ser capazes de enfrentar o inferno e não sentir medo.

Estou muito grato pelo privilégio que tenho, por poder viver com amigos em liberdade e por ter sempre a possibilidade de ver a luz que se encontra para além de toda a miséria. Vou repetir algo que escrevi no meu último texto “Corona e a Outra Realidade”:

“Acima de toda a miséria, vemos as dimensões espirituais de um universo que é iluminado de dentro para fora, pela luz de um sol eterno que desde sempre se reflecte em todos os seres.

Existe uma força sagrada no universo. O seu brilho alcança o fundo do mar, onde podemos encontrar uma espécie de peixe-balão que desenha uma mandala perfeita. Sem esta força, nenhuma criança poderia nascer, nenhuma flor poderia brotar e nenhuma estrela brilharia no céu. É precisamente esta força que faz com que ultrapassemos os nossos limites, de forma a ajudar quem mais precisa. É esta a força que alimenta as pessoas, quando estas resistem contra a injustiça e a violência, mesmo nas situações mais desafiantes. É também esta a força que une as pessoas e os animais, assim que deixa de haver medo entre eles. Assim que começamos a focar a nossa atenção nesta força, passamos a vê-la constantemente. Agradeço a esta força, pois salvou a minha vida várias vezes; salvou a minha vida e a vida da minha parceira quando estávamos numa situação de desespero em “La Gomera”; por último mas não menos importante, esta é a força sagrada do amor entre os géneros, a partir da qual todos nascemos.”

Esta é precisamente a força da cura e a origem de todos os verdadeiros milagres. Gosto de contar uma história que está relacionada com este tipo de milagres. É um exemplo que contém uma mensagem bastante simples: estava eu na ilha de Corfu na Grécia e numa determinada noite ouvi berros e um choro bem alto na casa dos meus vizinhos. Fui lá para ver o que se passava e acabei por encontrar dois pais completamente histéricos e uma criança de nove anos, deitada, perto da morte, incapaz de respirar. Disse aos pais que era pediatra e pedi-lhes para esperarem no quarto ao lado. Peguei na criança ao colo e ela começou a respirar. Pouco depois, a sua cara ganhou cor e ficou novamente saudável. Este é um pequeno exemplo do que se poderia chamar “cura milagrosa.” Não me senti um herói nem um curandeiro milagroso, pois a força que proporcionou a cura não veio de mim – eu apenas segui a orientação que me foi dada.

O que importa agora é que cada vez mais grupos na Terra redescubram esta força sagrada e aprendam a seguir as suas regras de funcionamento e a sua orientação. Para isso precisamos de comunidades e centros de investigação com um carácter especial, aos quais chamamos “Biótopos de Cura”, que têm como objectivo dar origem a uma coexistência não violenta entre o ser humano e todos os seres, traduzindo essa relação isso em modelos de vida reais. A Terra inteira deverá tornar-se um Biótopo de Cura. Esta é provavelmente a direcção espiritual da evolução, para a próxima fase da humanidade: que o sistema de vida divino da Matriz Sagrada se manifeste na Terra e dê origem a uma nova civilização. Este é o propósito da transformação que vemos a acontecer neste momento. Como seres humanos, temos a capacidade de efectuar esta mudança, porque a estrutura ética da Matriz Sagrada se encontra dentro de nós. O mundo divino funciona através dos nossos pensamentos e das nossas mãos e é por isso que necessita da nossa cooperação.

Assim que alguns grupos aprendam a conviver em profunda confiança, possibilitando assim uma coesão ética indestrutível, poderão então ter um impacto no mundo, que ultrapassa consideravelmente a sua esfera pessoal. Porquê? Porque entram em ressonância com uma força superior e mais forte do que qualquer conflito. É a força de um campo cósmico de cura, a força da Matriz Sagrada. Esta força encontra-se presente em qualquer parte da Terra e pode funcionar, onde quer que seja, assim que as pessoas estejam receptíveis à sua radiação. Em princípio, não há limites para o poder de cura desta força, como pode ser testemunhado em inúmeras situações onde a cura aconteceu de forma espontânea ou através de um milagre. Quando esta força tiver sido activada em qualquer parte do mundo, de forma suficientemente profunda, será então activada em todo o lado.

A visão de uma humanidade curada, é a visão de uma utopia muito sólida. Uma utopia que existe no universo desde há muito tempo à espera de ser atraída pelos seres humanos e manifestada aqui na Terra.

São tantas as vezes que vivo a presença de um mundo que tenho descrito como “A Outra Realidade.” Eu sabia que essa realidade se encontrava completamente presente no universo já desde há muito tempo, mas ainda assim escondida por detrás do “nevoeiro” da nossa vida quotidiana. É uma utopia latente que descreve um mundo ideal e que está tão presente na ordem implícita do universo como no núcleo das nossas próprias células.

É a utopia das pessoas que descobriram novamente “a luz”. Pode ser que neste momento, o mundo inteiro se esteja a preparar para concretizar este processo, tanto o mundo em terra, como o mundo aquático e o mundo no céu.

Para terminar, gostaria de recordar o legado deixado por uma jovem que morreu aos 29 anos de idade no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, a holandesa Etty Hillesum. Num dos seus diários, ela escreveu o seguinte:

“A miséria aqui é realmente enorme, mas ainda assim, à noite, quando o dia caiu num abismo atrás de mim, costumo caminhar aos saltos percorrendo o arame farpado. E de repente, vem directamente do meu coração – não posso evitá-lo, é o que é, com uma força elementar – a vida é algo glorioso e magnífico. Um dia, teremos de construir um mundo completamente novo. E com cada novo crime, com cada nova crueldade que aconteça, teremos de contrastar isso com outro pedaço de amor e de bondade que temos de conquistar dentro de nós próprios.”

Será que hoje, quase 80 anos depois, estamos dispostos a responder a esse apelo? Será que estamos finalmente prontos para libertar este mundo do seu sofrimento?

Em nome do amor por todos os seres vivos.

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